Nessas ocasiões, a beleza do show das águas atrai sempre um grande número de visitantes que passa dos 2 mil em cada dia, o que muda totalmente a rotina do fluxo normal de turistas nestas áreas da Ilha do Urubu.
O show das águas é possível porque outras equipes da Gerência Regional de Operação da Chesf, desde Sobradinho, em Itaparica e em Paulo Afonso se encarregavam do controle das vazões das comportas das barragens, principalmente as dos braços Principal, do Quebra, do Taquari e do Capuxu, todas na Barragem Delmiro Gouveia. E as equipes da Administração Regional da Chesf, em parceria com a Prefeitura Municipal, Polícia Militar e os conselhos Municipal e Regional de Turismo cuidam da organização da recepção dos milhares de visitantes que chegam de todos os lugares.
Na retomada do seu leito normal o rio São Francisco faz ressurgir esplendorosas as quedas da Cachoeira de Paulo Afonso, do Véu da Noiva, as belas quedas do Croatá e a do Capuxu. Beleza total, que emociona e encanta a todos, que ficam, literalmente, de boca aberta, sem palavras para externar o que os seus olhos brilhantes veem em pleno sertão nordestino, nestas terras sertanejas.
As muitas águas que chegaram encontraram a terra ressequida, os arbustos secos, de galhos retorcidos, como a observar o mundão de águas descendo rio abaixo, espremendo-se entre os paredões do cânion até invadir o mar, quase 300 quilômetros à frente.
A expectativa dos que vivem do turismo na região e dos órgãos como os conselhos municipal e regional de turismo, o Departamento Municipal e a Secretaria de Turismo de Paulo Afonso possam ver na prática e de forma periódica, essa abertura das comportas, talvez não com a intensidade que se vê agora, mas que permita, de forma programada, que milhares de visitantes, do Brasil e de outros países onde não há espetáculos como estes, vejam as quedas d`água da Cachoeira de Paulo Afonso que já encantaram o Imperador D. Pedro II que veio vê-las há 153 anos, em 20 de outubro de 1859.
“É belíssimo o ponto de que se descobrem sete cachoeiras que se reúnem na grande(...) e algumas grandes fervendo a água em caixão de encontro à montanha que parece querer subir por ela acima; o arco-íris produzido pela poeira da água completava esta cena majestosa(...) Tentar descrever a cachoeira em poucas páginas, e cabalmente, seria impossível, e sinto que o tempo só me permitisse tirar esboços muito imperfeitos.”
Cachoeira que foi inspiração do grande poeta baiano Antônio de Castro Alves no enredo de história dramática, cenário de sua luta contra a escravidão:
“A cachoeira! Paulo Afonso! O abismo!
A briga colossal dos elementos!
As garras do Centauro em paroxismo
Raspando os flancos dos parcéis sangrentos.
Relutantes na dor do cataclismo
Os braços do gigante suarentos
Aguentando a ranger (espanto! assombro!)
O rio inteiro, que lhe cai no ombro!”
Assim como motivou a tantos saírem de suas terras longínquas ou de cidades nascidas nas margens do rio São Francisco, ainda hoje a volta das águas das cachoeiras de Paulo Afonso têm trazido milhares de pessoas que espalham essas imagens encantadoras, associadas às suas próprias imagens pelas redes sociais, Orkut, facebook e tantas outras, ilustram matérias jornalísticas, se multiplicam pelos sites, em fotos e vídeos mostrando ao mundo a beleza das muitas águas sertanejas das cachoeiras de Paulo Afonso.
No momento atual, de grande cheia do rio São Francisco, o espetáculo das águas em Paulo Afonso deve continuar até o dia 21 de fevereiro.
Esta é uma das formas das cachoeiras de Paulo Afonso voltarem a ser o grande atrativo regional para o turismo. A outra forma é aprovar o projeto que existe na Agência Nacional das Águas e permitir a abertura periódica da Cachoeira de Paulo Afonso aconteça, gerando desenvolvimento regional através do turismo. Que isso aconteça outras vezes, de forma programada, para que o mundo conheça ou volte a ver esse espetáculo das águas na caatinga sertaneja, nestas terras nordestinas.
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