O rio São Francisco, chamado de opara (rio-mar) pelos indígenas que habitavam suas margens, antes do seu descobrimento, em 1501, por Américo Vespúcio e André Gonçalves, foi também denominado de rio da unidade nacional, por Euclides da Cunha e de grande caminho da civilização brasileira, por João Ribeiro. Para os íntimos é o Velho Chico. Para mim, é o caminho das águas, título de minhas monografias de pós-graduação na UNEB e de Mestrado na Universidade Internacional de Lisboa.
Nesse caminhar das águas, o rio São Francisco, desde a Serra da Canastra, em São Roque de Minas, Minas Gerais até a foz, no Oceano Atlântico, entre Brejo Grande/SE e Piaçabuçu/AL tem sido pelos séculos afora, motivos de encontros e desencontros, uma miscigenação de gentes, credos, culturas e desenvolvimento.
De suas águas, que já foram mais abundantes e impetuosas, formando grandes cachoeiras e cascatas, sai o alento e o sustento de pescadores e agricultores e a energia que move o Nordeste.
Dessas águas também nasce uma forma mais moderna de vida e de desenvolvimento: o turismo, que reúne tudo isso que rio tem da sua gente ribeirinha, da sua paisagem, dos seus cânions e lagos imensos, de suas usinas hidrelétricas e dos catamarãs que cortam suas águas, tangidos pelas milhares de pessoas que vêm, de todo o Brasil e de países mundo afora para se encantar, contemplando estas imagens de suas águas sertanejas.
Esse será o cenário de nossa caminhada e, no entorno do rio, vamos descobrir mais, histórias, causos, fatos, desde os caminhos dos cangaceiros, à vida dos que aqui chegaram há mais de nove mil anos e deixaram suas marcas nas "pedras pintadas" dos sítios arqueológicos.
Não ficaremos presos, no entanto, a estas raízes seculares. Vamos falar do turismo que acontece por outras bandas. Compartilhar as novidades que acontecem por esse mundão a fora.
De Paulo Afonso a Abaré pasando por Glória e Rodelas ou ir a Santa Brígida ver as rezas e danças místicas dos herdeiros do beato Pedro Batista. Estas cidades formam a Região Turística dos Lagos e Cânions do São Francisco, uma das 13 outras ZT do Estado da Bahia.
Podemos, de repente, ir lá para o alto do rio e chegar à Serra da Canastra e, depois, vir descendo, rio abaixo... Passar por Pirapora, onde Halfeld começou o seu trabalho de registrar, légua a légua todo o caminho do rio, até a foz, a mando do Imperador D. Pedro II... Ah e ver e registrar as romarias de Bom Jesus da Lapa, provar o vinho de Casa Nova, navegar em Sobradinho, o maior lago artificial do mundo, chegar a Juazeiro da Bahia ou atravessar a ponte e adentrar em Petrolina, nas terras pernambucanas. Descer o rio até a Barragem de Itaparica. Na região, conversar com os índios pankararus de Jatobá, Tacaratu e Petrolândia. Ou, cruzar as suas águas e ir pra Bahia, de novo, ao Raso da Catarina e ali também conversar com os índios pankararés que vivem nestas terras onde a Baixa do Chico, um cânion seco de mais de 12 quilômetros inquieta e encanta aos que ali chegam e vêem seus imensos paredões de arenito e suas figuras enigmáticas esculpidas pelo vento, pela chuva, pelo tempo.
A nossa base será esse caminho das águas do rio São Francisco e o seu entorno. Mas o nosso olhar vai longe, em todas as direções onde o turismo acontece ou a natureza pede para ele acontecer. No Brasil e no mundo, a natureza, o turismo é o nosso universo. Venha comigo, nessa caminhada e, mais que isso, vamos construir esse caminho das águas juntos...
E quero saudá-los, nesse primeiro passo da nossa caminhada, junto às
águas da Cachoeira de Paulo Afonso, nos seus dias de fúria, nas cheias
do São Francisco. (aqui, março/2007).
Parabens Mestre Gal, sua identificação com o Rio São Francisco é importante para o resgate cultural, economico e social que este Rio da Integração Nacional merece ao ser contemplado com mais um estudo e divulgação, além da região do nosso Bioma Caatinga.
ResponderExcluirSilvano Wanderley
Obrigado, Silvano. Não podemos deixar de lembrar sempre que este ano acontecerá a Conferência Rio + 20 quando importantes temas voltados para o meio ambiente, que é o ambiente todo, estarão sendo discutidos. A Região do Lagos, o rio São Francisco precisam também ser discutidos por estas bandas sertanejas.
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